terça-feira, 17 de maio de 2011

Tabacaria - Fernando Pessoa

Identifico-me tanto que se soubesse escrever assim diria que o tinha feito....

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(...)
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
(...)
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
(...)
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
(...)
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
(...)
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
(...)
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
(...)"

Álvaro de Campos

sábado, 14 de maio de 2011

"Quem vai à guerra"

 
_1º projecto cinematográfico
_Reconhecimento
_Adorei fotografar e vivenciar esta criação de um "não lugar"

Joana

A noite do auge

Hoje foi a ante-estreia do documentário / filme "Quem vai à guerra" de Marta Pessoa...
Há um ano foi pela primeira vez ao doc lisboa e assisti a um documentário chamado "Lisboa Domiciliária" também da Marta Pessoa e fiquei fascinada... Porque amei.. Basta ver o meu post referente a essa mesma ida ao doc. Quem diria que uns meses depois estaria a trabalhar num projecto com ela mesma...
O mês de Novembro 2010 (mês da montagem do espaço cénico do filme) foi o mês mais estafante de sempre. Nem que seja por ficar sinalizado como o mês em que não tive um unico fim de semana... E precisamente por causa deste projecto.
Hoje ao ouvir o meu nome nos agradecimentos iniciais e o meu nome nos créditos como assistente de cenografia... Vejo que quando nos entregamos a algo de corpo e alma (como foi o caso) às vezes o nosso esforço é reconhecido e apreciado....
Hoje durante uns segundos subi...
O problema é quando, aos 24, se chega a uma fase em que dizemos "é isto que quero fazer o resto da minha vida" como serei eu capaz de encarar a realidade que se avizinha em que deixarei de fazê-lo?

Mas por hoje sou Joana Saboeiro Arquitecta e assistente de cenografia.. Hoje sou feliz... Amanhã arranjarei outros motivos para o continuar a ser..

Joana