"A Casa dos Anjos" Teatro Aberto - AFINAL PELO QUE PODEMOS NÓS CONTINUAR A LUTAR?

Tenho ido algumas vezes ao teatro, muitas até...
É engraçado ver que há algo que une os textos que passam pelas nossas salas de teatro....
Sobre traição...
Sobre infidelidade...
Sobre destruição...
Sobre loucura...
Sobre... Mórbido...
Eu sei que o clima que vivemos é de pânico, eu própria estou em pânico, por não saber, ou não poder pelo menos calcular que poderei almejar ter um futuro... Futuro vou ter, mas será um futuro que me permita ter uma casa minha? Será um futuro onde possa continuar a sustentar as minhas viagens pelo Mundo fora? Não sou pessoa de vícios... Não sou pessoa de gastos... Mas gosto de ir a um bom restaurante de vez em quando, gosto de ver um bom espectáculo, gosto de viajar, gosto de ir às comprar e adoro ir beber um copo depois de um dia de trabalho.

Que objectivos posso eu ter, quando pintam tudo de tão negro....
Eu continuo a querer ter um trabalho que ame... Para ser mais fácil ultrapassar os dias menos bons com os outros melhores...
Continuo a querer arranjar uma casa e a desfrutar do prazer que é decorar uma casa nossa...
Continuo a querer escolher destinos e a imaginar como vai ser essa semana no país Y ou H...
Continuo a querer ir a espectáculos...
Continuo a querer viver e gostar de viver...

Nesta peça suscitou-me essas preocupações, preocupações essas que ressaltam no dia-a-dia, problemas, medos e a loucura que a vida se torna quando deixamos de querer encarar a realidade para uma vida mais fácil.... Sem grandes ressaltos...
É preferível fingir que não se vê, até o sofrimento ficar no esquecimento e passar a fazer parte das nossas feridas diárias?
Lamento... Eu continuo a preferir ver... mesmo que isso signifique 70% de sofrimento e 30% de bem-estar... Pois no final do dia são esses 30% que nos levantam e não nos deixam mergulhar nos recantos obscuros da mente - a loucura.

Joana

"A Casa dos Anjos" - Teatro Aberto
Aconselho ir ver... Pela forma simples despojada de elementos que nos distraem e fazem encarar que o passado fica para trás, mas que o presente muitas vezes parece um deja vu dessa passado! Não é suposto aprendermos com o passado?!?

Ficha Artística

Encenação
Ana Nave
Cenário
Rui Francisco
Vídeos
Patrícia Sequeira
Figurinos
Rafaela Mapril
Luz
Melim Teixeira


Sonoplastia
André Lacerda

Com
Custódia Gallego | Pedro Laginha | Sandra Barata Belo