Ontem, seguindo mais uma vez pela aposta das noites de teatro pelo departamento cultural da camara de Lisboa, fui assistir a um espectáculo para maiores de 6 no chapitô.
Além de achar este espaço todo ele muito interessante, fazendo me lembrar as vivências do que é estar numa escola de artes... O que me recorda os meus anos na António Arroio.
O teatro em si, foi genial!
Adorei a história, que se enriquece pelos actores, e pela falta de aspectos cénicos.
É maravilhoso assistir a uma peça destas, e saber que toda ela gira, em torno de 5 ou 6 objectos, que é o essencial para este tipo de peça... A importância de um objecto cénico, como foi o pano, que de um lado era branco e do outro preto, enriquece a história, as personagens tudo.
Adorei a forma como esta peça é nos apresentada, e tal como eu adorei, tenho a certeza que a minha priminha adoraria. (nao sendo uma peça infantil...pelo menos as peças infantis às quais estamos habituados!)
A cereja no topo do bolo foi no final, uma conversa informal, com os actores, encenadora e produtora. Até aí tinha adorado a peça, depois disso adorei a forma como eles trabalham, o chamado "encenação do gesto". A peça vai-se compondo ao longo dos ensaios, onde os actores sugerem, onde o encenador sugere, onde o proprio escritor da peça, altera e modifica a peça simultaneamente nos ensaios.. Adorei perceber o que pode originar esta maneira de trabalhar.... Adorei o ambiente, entre eles, o grupo de trabalho e o boa à vontade como nos receberam para esta pequena conversa. O teatro é vida. O teatro, são os actores, os encenadores, os escritores, as brincadeiras, os ensaios, os improvisos..é bom ver isto no teatro....
"Este senhor que vês aqui troca a sombra
por um porta-moedas que se o deixas virado para baixo
acordas a meio da noite afogado em moedas.
Mas ninguém quer saber do homem porque lhe falta a sombra.
Toda a gente quer deitar o homem fora.
De tal maneira que passado um tempo o desgraçado
Não sabe o que há-de fazer à vida.
Então o actual detentor da sombra propõe-lhe trocar a sombra pela alma.
O homem sem sombra recusa este negócio, perante uma plateia boquiaberta
que grita,
aceita, desgraçado, aceita, que a alma é só uma palavra
E o resto, logo se verá.
"eu sou dono de mim mas não dono da minha sombra"
A partir do texto: A Fabulosa História de Peter Schlemihl, de Aldelbertvon Chamisso
Encenação: SOFIA CABRITA
Adaptação: MIGUEL CASTRO CALDAS
Interpretação: Letícia Lisenfeld, Leonor Cabral, Hugo Silva
Cenografia/Figurinos/Objectos Animados: JOÃO CALIXTO
Música: PAULO BRANDÃO, SÍLVIO ROSADO"
Jo***
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